No âmbito da atividade Pequeno Escritor publicámos o trabalho
de André Tavares Varandas, n.º 3, 6º A orientado pela docente Manuela Carvalho, na disciplina de Português.
Pedro Alecrim de António Mota
O escritor António Mota conta a história de
um jovem rapaz e a sua vida escolar, no campo, com a família e colegas. Pedro
Alecrim era um rapaz novo que vivia no monte juntamente com os seus pais e
irmãos. Habitava numa casa em que o trabalho de lavoura era a fonte de
sustento. Todos os dias partia para a escola. Pedro não era bom aluno, mas esforçava-se
nas aulas. Quando este jovem regressava a casa, ia tratar do gado, apanhava a
erva e distribuía-a na manjedoura dos animais e ia buscar as cabras aos campos.
Certo dia, o pai de Pedro adoeceu. O pai deste jovem afirmava que era uma
ligeira indisposição e recusava-se a ir ao médico. Quando um dia Pedro
regressava da escola, sua mãe disse-lhe que o pai tinha ido para o hospital
onde, posteriormente, ia ter uma cirurgia e onde, mais tarde, acabou por
morrer. Com esta situação, Pedro passou a realizar, em casa, tarefas mais
difíceis.
Uns meses depois, o seu tio, que era
ferreiro, convidou-o a trabalhar com ele. Pedro deu fim à sua carreira de
estudante para se tornar um futuro ferreiro.
Um dos capítulos que mais me
agradou, revela-nos a realidade de outros meninos que, antes de irem para a
escola, têm de fazer inúmeras tarefas de lavoura e a maioria deles não chega a
concluir o 5º ano de escolaridade. Ao comparar a vida do Pedro com a minha,
verifico que são completamente diferentes, pois só tenho de ajudar a minha mãe
em algumas tarefas domésticas, tais como, arrumar o quarto, limpar a louça e
despejar o lixo. E tenho objetivos académicos bem diferentes dos do Pedro, porque
quero estudar na universidade.
Neste capítulo também
se retrata a grande amizade entre o Nicolau e o Pedro, que, ao conversarem sobre
a sua vida, demonstram muita maturidade nos assuntos que abordam.
Aprendi também como passavam as suas férias, porquanto eram completamente
diferentes das nossas. Enquanto eles se sentem felizes indo a festas populares
e vendo dançar os ranchos folclóricos, ouvindo tocar bandas de música, entrando
na procissão e, à noite, admiram o fogo-de-artifício, nós temos um mundo
tecnológico ao nosso dispor: televisão com cento e tais canais, computadores,
tabletes e afins. Serão menos felizes?
Pensei eu. Julgo que não. Apenas temos vidas e vivências diferentes, mas não
fui indiferente à comparação.
Fiquei bastante sensibilizado com a revolta que sentiram
quando recordaram os meninos mimados que ficavam com nojo e faziam caretas para
a comida do almoço, no refeitório. Presentemente, ainda há meninos que não dão
valor à comida, quando, diariamente, morrem pessoas à fome.
Por fim, também quero deixar registado que não são só “aspetos
negativos” que me separam da vida do Pedro, pois ele tem uma vivência com a
natureza de que, confesso, chego a ter uma pontada de ciúmes. Adoro o contacto
com os animais e com a natureza e eles (Pedro e Nicolau) têm essa liberdade e
essa oportunidade, como se pode ver neste pequeno excerto que não resisto a
transcrever:
«Que bom mergulhar
nas águas claras e frias, nadar contra a corrente, lavar todos os suores, todos
os perfumes.
Que bom meter a
cabeça debaixo de água com o peito cheio de ar e soltar as lágrimas. Tão bom
sentir a água gelada no corpo a escaldar. (…)
Deitei-me na terra
e rebolei-me muitas vezes. Era bom o cheiro da erva, sabia bem molhá-la
devagarinho.
Era bom estar só.
E tentar compreender tudo.»
António Mota, Pedro Alecrim, p. 97, Edinter, 7ª
edição, 1998
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